Passado revisitado, DNA e história
Jéssica Stori
Edição: Revista
IDEIAS
Ano XV – Nº
210 – Abril 2019
Editor: Fábio
Campana
Secretário de
redação: Dédallo Neves
-o-
O editor Fábio Campana:
Capa da
revista:
Página 59:
Passado revisitado, DNA e história
Jéssica Stori
Quando a
história pesa nos ombros, não há como escapar, é necessário voltar o olhar ao
chamado e trazer à tona DNA e acontecimentos. O chamado foi de Visconde de
Souto aos jornalistas Francisco Souto Neto e Lúcia Helena Souto Martini, que
escreveram a biografia do trisavô com mais de 500 páginas de buscas imparciais
e de ações deste curioso homem de olhos congelados na capa e nas linhas que
seguem. O livro Visconde de Souto:
ascensão e “quebra” no Rio de Janeiro Imperial (2017), da Editora Prismas,
foi dividido em duas partes que desenvolvem toda a amplitude do que foi a vida
do biografado, suas raízes, infância no Porto, chegada ao Rio de Janeiro,
namoro, casamento até à criação da Casa Souto que, de acordo com os autores do
livro, foi a primeira casa bancária do país.
Os poetas Carlos
Drummond de Andrade e Manuel Bandeira, mesmo de períodos distintos ao do Souto,
também entraram em contato com sua memória ao celebrarem as experiências
além dos bancos do biografado. No livro Rio de Janeiro em prosa e verso (1965),
escreveram sobre o jardim zoológico do Souto, ao que chamaram de uma
“fascinante coleção de animais raros”. Bandeira e Andrade escreveram: “em meio
a um grande e bem tratado parque, aí organizou um jardim zoológico, onde
reuniu, à custa de muito trabalho e grandes despesas, muitas e variadas
espécies dos mais interessantes animais do globo. Até um elefante existiu no
jardim zoológico do Souto”.
Ainda que se
recorra aos dados, referências históricas específicas que citam Visconde de
Souto, é uma versão da história do Brasil que se conta a partir de uma busca
micro-histórica, quando se elabora uma perspectiva de que foi tudo em um só
lugar, período e olhar. Como muitos homens do século do Império, a importância
do início, da ascensão e a tristeza da queda, do declínio consumado, mas não
deixado de lado por jornalistas atentos em dizer, com a busca pela
imparcialidade e por um olhar geral sobre subjetividades e objetividades, o
plano impossível de quem se põe a escrever história sem se ver no papel.
Investigação, explanação, um passado revisitado.
Visconde de Souto
-o-