domingo, 1 de dezembro de 2013

NO TÚMULO DO ANJINHO, MOEDAS QUE NINGUÉM TIRA por Aline Rickly

No túmulo do Anjinho, moedas que ninguém tira
por Aline Rickly
 
Tribuna de Petrópolis – Terça-feira, 19 de novembro de 2013 – Ano CXII – nº 35.
 
 
 
No túmulo do Anjinho, moedas que ninguém tira
por Aline Rickly
 
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Página 3 fotografada no monitor do computador (versão digital da Tribuna):
 

 
 
 
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Detalhes
Criado em Terça, 19 Novembro 2013 08:30

Foto: Alexandre  Carius

No túmulo do Anjinho, moedas que ninguém tira
Aline Rickly

A história sobre o Francisquinho, apontado como santo milagreiro do Cemitério Municipal, gerou uma série de dúvidas sobre a veracidade do assunto e o fato da criança estar sendo cultuada na cidade. Um dos questionamentos é a respeito dos brinquedos que são colocados na campa. No Facebook da Tribuna, inúmeras pessoas sugeriram que fossem doados a instituições carentes e outras criticaram o culto à criança. A questão será fruto de um estudo aprofundado feito pelo bispo dom Gregório Paixão.

“Vamos analisar o caso com procedência para que não caia no misticismo”, destacou o bispo, que considerou a história impressionante, já que a cada milagre concedido um brinquedo é colocado na campa, onde existem mais de 100, entre carrinhos, bolas, bonecos e caminhões. O bispo explicou que os santos milagreiros são intercessores de Jesus Cristo, ou seja, auxiliam os pedidos. Entre os brinquedos, é possível encontrar alguns que já não são fabricados mais, como um Mustang de ferro, da década de 70. Ontem pela manhã, alguém havia acendido velas para o menino. Na campa, também há vaso de flores, uma maçã e moedas.

O filho do senhor que limpava as sepulturas, há mais de 40 anos, não quis se identificar mas contou que, desde 1994, ajudava o pai a cuidar da sepultura. Desde que o pai morreu, há oito anos, ele ficou encarregado de limpar a campa. Ele disse que lava o mármore com água e cloro três vezes por ano, quando também avalia o estados dos brinquedos, que se deterioram com o tempo. Ele revelou que os que estão em pior estado são jogados no lixo. “Sem contar que tem muitos cachorros no cemitério que destroem os brinquedos”, disse.

Sandra Costa trabalha há 22 anos na limpeza do local e contou que não acredita que um bebê morto aos 3 meses possa ser um santo milagreiro. “Sou evangélica, faço meus pedidos direto a Deus”, disse ela, que contou também que ouve esta história do anjinho desde que começou a trabalhar no cemitério. “O baiano, que era o responsável por limpar o túmulo da criança, contava sempre essa história. E as pessoas não só acreditam como respeitam os brinquedos e não mexem neles”, destacou.
 
 
Francisco Souto Neto, bisneto do pai do Francisquinho, escreveu a biografia de seu trisavô, o Visconde de Souto. / Foto: Arquivo Pessoals.
 
 Pais do anjinho podem ter vivido em Petrópolis.

Francisco Souto Neto, bisneto do pai do Francisquinho, escreveu a biografia de seu trisavô, o Visconde de Souto, junto com sua prima Lúcia Helena de Souto Martini. O livro ainda não foi publicado por falta de patrocínio e tem 317 páginas. Eles pesquisaram mais de 600 obras e, segundo Francisco, os filhos do Visconde casaram-se todos na capela particular da Chácara do Souto, a residência oficial da família, em São Cristóvão, no Rio de Janeiro. “Se a criança morreu em 1872, meu trisavô já não era mais milionário, pois a Quebra do Souto aconteceu em 1864”, revelou. A Casa Souto foi uma das mais importantes instituições financeiras do país, no século XIX e teve sua fase de prosperidade durante o bom período da produção cafeeira.

Sobre o possível nascimento da criança, Francisco acredita que é possível que o bisavô tenha conhecido a Maria Luiza, mãe do Francisquinho, em Petrópolis. “Outra hipótese é que ela fosse carioca e o casal tenha se mudado para a Cidade Imperial, onde meu bisavô veio trabalhar, talvez a convite de algum dos antigos e influentes amigos do visconde. Certamente, após perder a família, esposa e filho, meu bisavô voltou para a região do Vale do Paraíba, mais especificamente Jacareí, onde conheceu a Maria da Lapa, minha bisavó”, disse. Quando se refere aos influentes amigos, Francisco rememora que o Visconde de Souto era um dos amigos mais próximos de D. Pedro II.

Francisco encontrou em seu arquivo um documento, datado de 19 de fevereiro de 1868, no acervo da Cúria Metropolitana do Rio de Janeiro, que representa um pedido de licença para que o casamento entre Maria Luiza e seu bisavô acontecesse na capela particular do Visconde de Souto. “O que significa que o primogênito nasceu somente três anos após o matrimônio, em 1872”, concluiu.

Aline Rickly
Redação Tribuna 
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Vide reportagem anterior, "Conheça o Anjinho de Petrópolis", no seguinte link:

http://viagenseopinioes.blogspot.com.br/2013/11/c-onheca-o-anjinho-de-petropolis-por.html 

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