segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Francisco Souto Neto: FLORENÇA, BERÇO DO RENASCIMENTO


Folha do Batel – Ano 5 – Junho 2007 – Nº 82
Diretora-Executiva: Celina S. P. Ribello.

Página 7:


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Jornal Água Verde – Ano 14 – Junho 2007 – Nº 310
Diretor-presidente: José Gil de Almeida

Página 22:

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FLORENÇA, BERÇO DO RENASCIMENTO
Francisco Souto Neto


Estive uma única vez em Florença (Firenze). Numa das tardes, fui à casa onde nasceu Dante Alighieri, e sentei-me no degrau da estreita porta para descansar um pouco e comer um sanduíche que trazia comigo. O movimento de pedestres pela rua era intenso. Observei as pedras do chão e corri os dedos pelo umbral da porta. Pensava, incessantemente, que estava comendo um sanduíche, sentado à porta da casa de Dante, o “divino poeta”, autor da “Divina Comédia”, o apaixonado por Beatriz, que em preciosos versos vem, há séculos, conduzindo os seus leitores através do Inferno, do Purgatório e do Paraíso...

A porta da casa de Dante Alighieri.
Foto Francisco Souto Neto.

Firenze foi o berço do Renascimento, um movimento de renovação cultural e artística do séc. XV que se espalhou por toda a Europa, mudando o mundo. Pode-se, pois, imaginar quão rica é essa cidade! Além de Dante, os escritores Maquiavel e Petrarca somaram-se a pintores e escultores como Michelangelo, Botticelli e Donatello, para transformar esse lugar na capital artística do mundo.

O melhor de Firenze

Numa cidade tão rica, é muito difícil estabelecer prioridades para visitas. Em todo caso, se o turista tiver poucos dias para visitar Florença, não poderá deixar de conhecer três das dezenas de museus: Uffizi, o Palazzo Pitti e a Galleria dell’Accademia. Impossível enumerar os tesouros contidos nos referidos museus, pois é como se eles encerrassem o próprio Universo. Estão ali algumas das principais obras-primas dos mais importantes pintores e escultores de toda a História. Mas o Museu Bargello, também indispensável, é considerado o segundo mais importante da cidade, superado apenas pela Uffizzi.
O Duomo é a catedral de Florença, a quarta maior igreja da Europa e o mais alto edifício da cidade. O campanário, ao lado do Duomo, com 85 metros de altura, foi projetado por Giotto em 1334. E o Batistério, uma construção octogonal na frente da igreja, tem o teto decorado com mosaicos coloridos do séc. XIII. Os famosos portões de bronze do Batistério foram encomendados em 1401 para comemorar o fim da peste na cidade. Após trabalhar por 21 anos no portão norte, Ghiberti recebeu a encomenda do portão leste, apelidado depois por Michelangelo de “Portão do Paraíso”.
Outras igrejas são também fantásticas, como a Orsanmichele, Santa Croce, San Lorenzo, e Santa Maria Novella, dentre tantas outras. As capelas Médici e Brancacci também são notáveis.
Mas a cidade, ela própria, é um monumento! É maravilhoso andar pela Piazza della Signoria e pelos arredores da Piazza della Repubblica admirando as construções... Que dizer, então, da Ponte Vecchio, que desde 1354 cruza o rio Arno, com suas lojas de três andares, sobre as quais foi construído o Corredor Vasariano? O corredor tem 800 metros de comprimento, e serpenteia sobre a cidade a 12 metros de altura.  Foi feito em 1565 para que a Família Médici circulasse entre os seus palácios (Uffizzi e Pitti) sem ter que se misturar ao povo, cruzando, a grande altura, várias ruas de Florença e o telhado da Ponte Vecchio, e era (como continua sendo) todo decorado com obras de arte. Tive a oportunidade de atravessar seus 800 metros, indo do Palácio Pitti à Galeria Uffizi.

Antigo cartão-postal de Florença, que mostra o Corredor
Vasariano (telhado à direita, abaixo, que acompanha a
margem do rio, passa sobre a Ponte Vecchio e segue
para a outra margem), unindo os palácios Uffizi e Pitti.

Quando, no mês passado, recebi a visita da crítica de arte Adalice Araújo e da artista plástica Heliana Grudzien, conversamos longamente sobre Firenze, onde Adalice residiu quando jovem, para ali aprimorar-se no ofício da Arte. Sempre que penso em Firenze, vem-me à mente a minha amiga crítica de arte. E a frase que invariavelmente se forma em meu pensamento é: “Que privilégio é ter vivido e estudado em tão fascinante cidade”!

-o-

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