Jornal Água Verde – Ano 14 – Junho 2006 – Nº 298
Diretor-presidente: José Gil de Almeida
Página 14:
Capa:
GÊNOVA E A CASA DE CRISTÓVÃO COLOMBO
Francisco Souto Neto
Quando estive por uns dias na cidade italiana de Savona, na Ligúria, onde deveria embarcar em navio para um cruzeiro pelo Mediterrâneo, resolvi passar uma tarde na vizinha Gênova, e esta se tornou uma das minhas maiores surpresas na Itália.
Impressões de Gênova
A arquitetura de Gênova é riquíssima – e qual arquitetura italiana não seria rica? Há, no entanto, um fato interessante no que se refere às galerias daquela cidade. Os curitibanos sabem muito bem como são as nossas galerias, paralelas às calçadas, que abrigam lojas existentes nos prédios construídos nos últimos 30 anos ao longo das ruas onde estão as canaletas dos ônibus expressos. As galerias do centro de Gênova, porém, são bem mais altas do que as nossas e frequentemente abobadadas , inúmeras vezes com ricas pinturas em seus tetos de precioso acabamento.
Galerias de Gênova.
Galerias de Gênova
O piso das calçadas da área central de Gênova, aí incluídas as galerias da cidade, é em forma de mosaico, não como o petit-paver irregular e esburacado que vemos na capital paranaense, mas tão liso e uniforme, que parece polido, contendo desenhos delicados e ricos, resultado do trabalho requintado de hábeis artesãos de tempos passados.
Gênova é um dos mais importantes portos da Itália. Como em outras cidades portuárias da Europa, podem ser vistos nas suas ruas alguns marinheiros trôpegos de tão embriagados, carregando a garrafa e cantando desafinados...
A casa de Cristóvão Colombo
Cristóvão Colombo (Cristoforo em italiano), descobridor do novo mundo, é lembrado em inúmeros lugares de Gênova. No centro da praça da estação ferroviária há uma grande estátua do navegador, vários prédios públicos levam seu nome e até o aeroporto chama-se Cristoforo Colombo.
Não se sabe com certeza se Colombo nasceu em Savona ou Gênova. Porém os registros históricos apontam que uma casa em Gênova, situada ao lado da Porta Soprana, pertenceu ao pai de Cristóvão, e ali o futuro descobridor do Novo Mundo teria passado a infância e desvendado sua paixão pelos mares.
Eu sinto sempre muita curiosidade em relação às casas onde viveram os vultos históricos. Ao contrário do Brasil, tudo na Europa tem sido rigorosamente preservado, apesar das guerras que destruíram cidades inteiras durante os grandes conflitos da primeira metade do século XX. E a casa da infância de Colombo vem resistindo através de mais de 500 anos... ou meio milênio!
A casa não está aberta à visitação pública. Pode ser vista apenas por fora. E a bem da verdade, trata-se de uma casa sem atrativos estéticos, que nem é, rigorosamente, uma atração turística. Ela está coberta de hera que parece descer (e não subir) pelas suas laterais, como se fosse uma feia e desgrenhada cabeleira verde... As duas janelas do andar superior lembram dois olhos retangulares, e a “testa” da casa ostenta uma enorme placa de mármore, informando em latim que se trata da casa paterna de Cristóvão Colombo.
Francisco Souto Neto na porta da casa
de Cristóvão Colombo em Gênova, Itália.
Rubens Faria Gonçalves na porta
da casa de Cristóvão Colombo. Ao
fundo, a esquerda, uma das torres
da Porta Soprana.
Detalhe do 1º andar da casa
de Colombo, com placa alusiva.
Entretanto não importa, absolutamente, que a casa não tenha atrativos. O que vale é o marco histórico e a referência à memória do grande navegador.
Outras atrações de Gênova
Muitas são as atrações de Gênova. O turista que chegar à cidade pela Estação Porta Príncipe e descer a pé pela rua principal em direção ao centro da urbe, se espantará com a grandiosidade das construções. As portas desses prédios muito antigos, todas elas, são de ferro, imensas, com uns cinco ou seis metros de altura, assemelhando-se a entradas de palácios...
Uma "simples" porta de Gênova.
Essa riqueza arquitetônica espalha-se por toda parte e dá mostras do antigo poder da cidade que guerreou contra inúmeras outras da região, dentre elas Veneza, quando essas mesmas cidades eram capitais de países independentes, muito antes de se unirem como um único país sob o nome de Itália.
O porto de Gênova é o coração da cidade e origem do poder e riqueza que fizeram dela a maior potência naval do mundo nos séculos XI e XII. Mas esse porto foi modernizado e surgiram ali excelentes restaurantes e elegantes casas de comércio.
Construiu-se nessa na região do porto, o maior aquário da Europa. Tive a oportunidade de visitá-lo, o que é uma experiência tão impressionante que um livro inteiro para descrevê-lo seria pouco.
Em suma, uma visita a Gênova é quase um passeio pela grandeza do próprio Universo.
Ilustrações originais: Foto 1 – À direita, a casa de Colombo. Ao fundo, as torres da Porta Soprana. Foto 2 – Uma “simples” porta do centro de Gênova.
-o-
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