domingo, 9 de outubro de 2011

Francisco Souto Neto: ZERMATT E O MATTERHORN


Jornal Água Verde – Ano 14 – Março 2007 – Nº 307
Diretor-presidente: José Gil de Almeida

Página 6:


Capa:



ZERMATT E O MATTERHORN
Francisco Souto Neto


A estação de inverno de Zermatt, na Suíça, situa-se quase aos pés do Matterhorn, um pico com 4.478 metros de altura, que tem sido a meca dos alpinistas de todo o mundo.
O cume do Matterhorn marca a fronteira da Suíça e da Itália, o que equivale a dizer que a montanha pertence metade à Suíça, metade à Itália. No lado italiano tem o nome de Monte Cervino. Porém, é no lado suíço que se avista seu ângulo mais famoso, conhecido em todo mundo até como embalagem de chocolate.

Particularidades de Zermatt

O esqui pode ser praticado durante todo o ano nos arredores de Zermatt, mas no auge da primavera e verão o lugar é também ótimo para caminhadas através de trilhas muito bem sinalizadas, acessíveis a todas as idades.
Chegamos a Zermatt num mês de primavera, viajando a bordo do Glacier Express, um trem com janelas panorâmicas no teto, que permitem aos passageiros apreciar a paisagem como um todo, incluindo o topo nevado das montanhas.
Na cidade não circulam carros convencionais, que são ali proibidos. São permitidos somente carros elétricos, uns veículos minúsculos, lentos e silenciosos. Chegando à estação ferroviária, encontramos uma parede repleta de telefones particulares, ligados individualmente a cada um dos diversos hotéis da cidade. Tínhamos feito reserva, quando ainda no Brasil, para uma estada de cinco dias no Hotel Dom. Seguindo instruções do próprio hotel, logo encontramos o telefone pertencente ao mesmo, e liguei informando da nossa chegada. Em poucos minutos o carro elétrico do hotel foi buscar-nos na estação ferroviária, e logo depois nos instalávamos num dos apartamentos com a sacada voltada para o Matterhorn.

Francisco Souto Neto em Zermatt, na Suíça.
Ao fundo, o pico do Matterhorn.

Rubens Faria Gonçalves em Gornergrat.
No horizonte, o Matterhorn.

Em Gornergrat, Souto Neto com Matterhorn às costas.

Em Zermatt há trens de cremalheira e teleféricos que levam a vários pontos acima da cidade, um dos quais Gornergrat, onde há um observatório astronômico ao lado de um complexo de restaurantes e lanchonetes, um lugar nevado mesmo no auge do verão, donde se tem uma das mais belas vistas do Matterhorn. Outro passeio interessante é ao pico Sunnegga, alcançado através de um metrô, o segundo metrô alpino que foi construído na Suíça, denominado, muito apropriadamente, “Metrô Sunnegga”. Em questão de minutos, o trem sobe em plano inclinado dentro de um túnel e em grande velocidade até ao topo da montanha, de onde é possível retornar a Zermatt através duma trilha que passa por florestas de coníferas alpinas e lagos azuis que refletem as montanhas circundantes, dentre as quais o próprio Matterhorn, que é a chamada “montanha da casa”.
Embora estivéssemos no começo da primavera e fizesse algum calor, na nossa última noite em Zermatt a temperatura deu uma grande guinada, e amanheceu nevando pesadamente. Isto me fez ver que a propaganda da cidade, que dizia “Zermatt – Sun and Snow” (“Sol e Neve”), justificava-se plenamente.

Matterhorn e morte

Uma visita ao cemitério de Zermatt torna bem evidente que o Matterhorn, mesmo sendo uma das mais belas montanhas do mundo, tem uma história ligada a muitas mortes trágicas. Há dois séculos, desde que os primeiros alpinistas tentaram escalar a referida montanha, já houve centenas de mortes em cruéis acidentes. Muitos desses homens que perderam a vida na montanha, estão enterrados no cemitério de Zermatt. As lápides trazem tristes registros em vários idiomas, como espanhol, alemão, francês e outros, sempre fazendo alusão aos jovens “mortos pelo Matterhorn”: uns na face leste da montanha, outros quando já desciam e foram surpreendidos por uma tempestade, e assim por diante.
Deste modo, a maravilhosa montanha nos leva a uma reflexão sobre a vida e a morte. E a seus pés sucedem-se gerações e gerações de visitantes, uns com o objetivo de conquistá-la, outros com o propósito de contemplá-la de longe, respeitosamente, mas todos sempre movidos pela paixão. A visão da silhueta dessa montanha-rainha não deixa indiferente nem aos mais insensíveis.
As pessoas que gostam de viajar pela Suíça, na verdade buscam a visão dos seus vales floridos, dos lagos e rios de águas extremamente limpas, e dos cumes nevados das montanhas. Cada uma dessas montanhas tem sempre algo de especial, como o Jungfraujoch (a mais alta de todas), o Niesen, o Rigi, o Eiger, o Monch... Mas nada se compara ao fascínio e diáfana beleza que emanam do Matterhorn.

-o-

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