A INSEGURANÇA E AS LÁGRIMAS DO GOVERNADOR
Francisco Souto Neto
Jornal do Centro Cívico Ano II – Agosto/2002 – Nº 4
Diretor-presidente: José Gil de Almeida
Capa:
Página 7:
A INSEGURANÇA E AS LÁGRIMAS DO GOVERNADOR
Francisco Souto Neto
No programa que recentemente o PFL exibiu em rede estadual de rádio e televisão, o governador Jaime Lerner fez uma precoce despedida do cargo. A câmera procurou mostrar, até insistentemente e em close, que os olhos do governador em algumas ocasiões ficaram marejados. Várias pessoas perguntaram-se depois por que choraria o governador. Eu não tive dúvidas: chora pelo Paraná. Pela venda do Banestado [Pela venda feita por sua própria decisão, ao contrário de suas declarações de que o Banestado não seria vendido – o que foi feito em leilão e a preço vil]. Mas sobretudo pela insegurança que ronda os cidadãos paranaenses. A violência urbana, na capital do Estado, está alcançando um grau aterrador. Exemplifico com alguns ocorridos: eu mesmo fui assaltado no centro da cidade, em plena Rua Visconde do Rio Branco, entre a Carlos de Carvalho e a Saldanha Marinho, às 18 horas de um dia útil. Pior ocorreu numa farmácia situada no bairro Alto da Glória, esquina da Avenida João Gualberto com Rua Mauá, que foi assaltada três vezes numa única semana. Eu soube que no mês passado, os estabelecimentos localizados num raio de cem metros quadrados a partir da referida esquina, sofreram mais de vinte assaltos. Mais escabroso: naquela mesma esquina, às 13 horas do dia 5 do corrente, um cidadão reagiu a um assalto, foi assassinado a tiros, e o criminoso fugiu. O comércio daquela região, incluindo-se as bancas de revistas das redondezas, vive sob permanentes ameaças e atua sob o garrote do medo.
Nós, cidadãos, não mais queremos ouvir balelas sobre o quanto está ou estará sendo feito pela nossa segurança. O que queremos é ver, concretamente, policiamento ostensivo em toda Capital , também à noite. Ou as autoridades estão à espera de que Curitiba se torne de vez uma nova Rio de Janeiro?
Compreendo, portanto, de que desgosto chora o governador.
-o-
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