sexta-feira, 30 de setembro de 2011

FRANCISCO SOUTO NETO E ADALICE ARAÚJO, UM ENCONTRO ENTRE A ARTE E O JORNALISMO


 
Jornal do Centro Cívico – Ano 4 – Maio 2006 – Nº 32
Diretor-presidente: José Gil de Almeida

Página 11


Detalhe página 11:


Capa:




FRANCISCO SOUTO NETO E ADALICE ARAÚJO,
UM ENCONTRO ENTRE E ARTE E O JORNALISMO

            Francisco Souto Neto recebeu em sua residência, Adalice Maria de Araújo e Heliana Grudzien. O encontro de Souto Neto e Adalice, ambos críticos de arte, levou-os a reflexões sobre o jornalismo no Paraná, principalmente por um motivo no mínimo curioso, mas que representa um fato histórico.

Souto Neto, segurando o chihuahua Paco Ramirez,
recebe Heliana Grudzien e Adalice Araújo.

Essa história começa com o Jornal do Paraná, um matutino da cidade de Ponta Grossa que na década de 40 do século XX, era o mais noticioso jornal deste Estado, mais importante até mesmo dos que circulavam na capital.
O Jornal do Paraná tinha Arary Souto, pai de Francisco Souto Neto, como diretor de redação, e Adalberto Carvalho de Araújo, pai de Adalice Araújo, como superintendente. Essa parceria durou entre 1948 e 1952, quando então o jornal foi vendido. As máquinas impressoras foram adquiridas pelo nascente Jornal da Manhã, que prossegue em Ponta Grossa, e o título comprado pela Folha de Londrina, que até hoje o utiliza como um subtítulo, assim: “Folha de Londrina, o Jornal do Paraná”.

Adalice Araújo e Francisco Souto Neto folheando uma
encadernação do Jornal do Paraná de julho de 1949, do qual 
seus pais foram, respectivamente, superintendente e diretor de redação.

Detalhe da primeira página do Jornal do Paraná,
de Ponta Grossa, de 20 de julho de 1949.

               Francisco Souto Neto mantém as encadernações mensais daquele período, que um dia serão doadas provavelmente para a Casa da Memória de Ponta Grossa. Diz ele: “Um detalhe de primeira página do Jornal do Paraná, escolhido aleatoriamente [para ilustrar este artigo], da edição de 20 de julho de 1949, estampa a revolução na Guatemala, também a assinatura do contrato para a instalação da primeira refinaria de petróleo no Brasil, e enfatiza o discurso do presidente Truman, dizendo: ‘A cruzada de paz dos Estados Unidos se coroará de êxito’. Como o mundo tem mudado! Naquele tempo, uma ‘cruzada de paz’ era promovida pelos Estados Unidos, o mesmo país que hoje promove a guerra e a destruição no Oriente Médio! O tempora! O mores! – Oh tempos! Oh costumes!, como já dizia o orador Cícero na Roma Antiga”.

Heliana Grudzien e Adalice Araújo.

 
Adalice Araújo e Souto Neto (com o chihuahua Paco Ramirez).

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Francisco Souto Neto: EM JERUSALÉM, TRÊS ERROS, UNS SUSTOS E ALGUMAS COISINHAS MAIS...


Jornal do Centro Cívico – Ano 4 – Março 2006 – Nº 31
Diretor-presidente: José Gil de Almeida

Página 11:


Capa:



Jornal Água Verde – Ano 14 – Março 2006 – Nº 295
Diretor-presidente: José Gil de Almeida

Página 11:


Capa:



EM JERUSALÉM, TRÊS ERROS, UNS SUSTOS E ALGUMAS COISINHAS MAIS...
Francisco Souto Neto


            Cidade estranha, quase inacreditável, é Jerusalém. Sagrada para católicos, judeus e árabes, destruída e reconstruída várias vezes, vem sendo pomo de discórdia há milênios e seu solo palco de lutas, no qual o sangue humano não pára de ser derramado. E ainda assim nós, turistas, insistimos em visitá-la, atraídos pelo seu inquestionável magnetismo.
            Antes de viajarmos a Jerusalém, eu e Rubens Faria Gonçalves, turistas independentes que somos, pesquisamos o lugar com meses de antecedência. Sabíamos que dentro das muralhas a cidade é dividida em quatro setores: judeu, cristão, muçulmano e armênio, e resolvemos escolher um hotel que ficasse fora das referidas muralhas, mas bem perto delas e em área “neutra”. Quanto ao hotel, gostamos do nome de um deles: o Jerusalem National Palace. Olhamos no mapa, e vimos que se localizava fora das muralhas, na rua Az-Zahra, à distância de apenas 300 metros da Porta de Herodes. Fizemos então a reserva, escolhendo um apartamento com sacada voltada para o lado das muralhas e reservamos também o aluguel de um carro, com o qual eu pretendia dirigir desde o Aeroporto de Tel-Aviv até à garagem do referido hotel em Jerusalém. Mas foi aí que cometemos o nosso primeiro erro: não existem áreas “neutras” na capital de Israel, nem mesmo fora das muralhas...

Pedradas na cabeça

            Desembarcando em Tel-Aviv, provenientes de Istanbul na Turquia, fomos logo à agência de locação de veículos, dentro do aeroporto, para pegarmos o nosso carro. Ali a recepcionista perguntou-nos o nome do nosso hotel e, quando mencionei o Jerusalém National Palace, ela assustou-se e começou a fazer alarmantes gestos negativos, e a falar algo em inglês que entendi como “vão lhe dar pedradas na cabeça!”. Achei que não estava entendendo e arrisquei comunicar-me em francês. Ela, poliglota, continuou repetindo no idioma dos gauleses: “Pierre en la tête! Pierre en toute la tête!”. Ela confirmava, e logo entendemos tudo: como o veículo tinha placa dos judeus, se entrássemos com ele no setor árabe, poderíamos ser apedrejados na cabeça... Só então percebemos que fora das muralhas de Jerusalém, a divisão étnica, religiosa e política era ainda muito mais severa, e nosso hotel localizava-se em plena área muçulmana.
            Tivemos assim que desistir do carro e, por sugestão da própria moça da agência, tomamos um ônibus para Jerusalém. Quando aquele veículo chegou à muralha da cidade antiga, o motorista deixou-nos no chamado Portão Novo, distante um quilômetro da Porta de Herodes, com a mesma justificativa anterior: aquele ônibus, sendo dos judeus, não poderia entrar no setor árabe, porque poderíamos ser todos apedrejados. Por sorte, a calçada é excelente, e fomos arrastando nossas malas sobre rodinhas, sem problemas, até ao hotel onde, a propósito, tivemos recepção calorosa e simpática.

Tiros no Poço de Siloé

            No nosso segundo dia visitamos o Muro das Lamentações, cujos arredores estavam muito festivos porque várias noivas chegavam para tirar fotografias, sob os “hurras” entusiasmados dos seus convidados. Saímos dali pelo Portão Dung (os guias turísticos evitam a tradução deste nome, talvez por ser Portão do Esterco, ou Portão do Estrume, que a eles soa desagradável) porque, três quarteirões adiante, na antiga Cidade de David, localiza-se o Poço de Siloé, que queríamos visitar. Mas a esquina abaixo do Portão Dung (Dung Gate) estava impedida por guardas armados com metralhadoras. “Onde vão?”, perguntou-nos um deles. “Ao Poço de Siloé”, respondemos. “Não podem ir”, sentenciou. “Why not?!”, insisti. E ele: “É que lá está havendo tiroteio”. Hora errada para visitar o Poço de Siloé...
            Que contraste: às nossas costas, casais de noivos tiravam fotos: à frente, balas zuniam. Sem saída, imediatamente mudamos nosso roteiro e fomos conhecer um lugar bem mais calmo: a igreja onde está o túmulo de Nossa Senhora.

Barricadas e tanques de guerra

Noutro dia em Jerusalém, fomos a uma agência de turismo e acertamos os detalhes para um longo e fascinante passeio de uma jornada inteira, em microônibus, através do deserto, que nos levou a conhecer o mercado beduíno de Beersheba, o Mar Morto e a Fortaleza de Massada. Como o nosso veículo deteve-se nesses lugares por tempo excessivo, já era noite quando passamos por perto de Jericó, a mais antiga cidade do mundo, que deveríamos e queríamos visitar. Porém o motorista, alarmado, disse-nos que precisávamos correr muito, sem parar em Jericó, porque àquela hora havia o risco de sermos alvejados por franco-atiradores, pois estávamos viajando de volta a Jerusalém através da Cisjordânia.
Ao entrarmos em Jerusalém já era noite, e o motorista deixou-nos, a mim e a meu amigo Rubens, e uma turista norte-americana, numa esquina escura, alegando que não poderia levar-nos aos nossos respectivos hotéis, porque a área estava bloqueada. Descemos em meio àquela escuridão e vimos grande movimento de tanques de guerra e militares posicionando-se entre barricadas levantadas em plena rua. Não sabíamos onde estávamos e começamos a perguntar aos soldados onde ficava o hotel Jerusalem National Palace, enquanto a norte-americana, que nos pediu para não nos separarmos dela, perguntava pela localização do seu hotel. As respostas que recebíamos eram “não sei”, ou apontavam para direções diferentes.
Andamos sem rumo, talvez por cerca de uma hora, sentindo-nos como se estivéssemos em meio a uma guerra prestes a eclodir, ouvindo gritos dos soldados e contornando barricadas. Pobre norte-americana, que parecia aterrorizada. Por acaso, quando percebemos, estávamos chegando ao Jerusalém National Palace. Puro golpe de sorte! A moça, trêmula, dali telefonou ao seu hotel, pedindo ajuda. Só então soubemos, pelo senhor da recepção, que estava acontecendo algo bem “simples”: na manhã seguinte por ali haveria uma passeata a favor de um Estado Palestino, uma legítima e antiga aspiração árabe, enquanto o exército de Israel se preparava para caso a manifestação se transformasse num conflito – que não houve, pois foi efetivamente pacífica.
Apesar de imprevisível, não há nada mais fascinante do que estar na Terra Santa, nos locais do Antigo Testamento, percorrer a Via Dolorosa, ir ao Santo Sepulcro, ao Monte das Oliveiras, passear por ruas milenares. Mas não há como não lembrar do que escreveu Gustav Flaubert, que visitou Jerusalém no distante ano de 1850: “Parece que a maldição do Senhor paira sobre a cidade”. Mais de um século e meio depois, a frase de Flaubert continua muito, muito atual...

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OBSERVAÇÃO:
ADENDO ACRESCENTADO EM 30 DE SETEMBRO DE 2011.

            Estive em Israel há 20 anos, em 1991, quando vivi as experiências acima descritas. Passam-se os anos e a relação entre judeus e árabes segue se agravando. Para quem já esteve lá, como eu, e que durante duas décadas vem acompanhando o crescendo dos conflitos, tem a certeza de que a culpa não é do povo judeu, nem do árabe. A culpa recai inteiramente sobre o governo sionista de Israel. Embora advertido pela ONU de que teria que interromper os assentamentos nas terras dos palestinos, Israel ignora as determinações e insiste em construir prédios e casas na região, onde instalam colonos israelenses. Está errado. Mas a ONU, que proíbe os assentamentos, é contraditória ao fazer vista grossa à desobediência. É uma invasão que apenas fomenta o ódio e provoca reação. Intelectuais e artistas israelenses têm se manifestado contra a política dos assentamentos, e pela televisão tenho visto cenas em que eles, com cartazes pelas ruas, pedem ao governo do seu próprio país o cessar das hostilidades. Não bastasse, ainda há a questão do muro erguido por Israel em toda a fronteira com o território palestino, mais alto e muito mais extenso do que aquele que existiu em Berlim. O desdobramento das hostilidades resulta em bombardeios, explosões e mortes de inocentes em ambos os lados.
            Este espaço não está propondo, nem está aberto a discussão política, muito menos religiosa. Este adendo é um simples alinhavar, ou atualizar, das experiências descritas no artigo acima, que publiquei em 2006. Mas aos que se interessam pelo assunto, não posso deixar de dar uma sugestão, porém sob o ângulo da arte cinematográfica. Em 2009, o israelense Eran Riklis dirigiu “Lemon Tree”, longa-metragem filmado em Israel, baseado em fatos reais. Esse filme conta a história de uma mulher palestina, viúva, que tem um belíssimo pomar de limões herdado do pai, colado à fronteira com Israel, que começara a ser cultivado há 50 anos, e do qual ela tira seu sustento. A enorme casa vizinha aos limoeiros, distante apenas uns 30 metros, mas do lado israelense, é comprada (ou ocupada) pelo ministro da Defesa de Israel, e o serviço secreto daquele país, por uma questão de segurança, decide pôr abaixo o pomar, temendo que terroristas, protegidos pelas árvores, pudessem atacar o ministro. A mulher resolve resistir, a fim de salvar os belos limoeiros para que assim, com a venda dos limões, pudesse continuar subsistindo. Assisti ao filme recentemente, pelo Telecine Cult. Trata-se de uma obra-prima da cinematografia mundial, que mereceria maior divulgação, e que recomendo altamente, porque foi dirigida por um respeitado israelense que, como tantos outros, não concorda com as arbitrariedades do governo do seu país praticadas contra os palestinos, e as denuncia através da sétima arte.


O DVD Lemon Tree, de Eran Ricklis.


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quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Francisco Souto Neto: A SANTORINI DA NOVELA "BELÍSSIMA" E A VERDADEIRA SANTORINI


Jornal do Centro Cívico – Ano 3 – Dezembro 2005 – Nº 30
Diretor-presidente: José Gil de Almeida

Página 9:

Capa:



Jornal Água Verde – Ano 14 – Dezembro 2005 – Nº 293
Diretor-presidente: José Gil de Almeida

Página 10:

Capa:



A SANTORINI DA NOVELA “BELÍSSIMA” E A VERDADEIRA SANTORI
Francisco Souto Neto


A novela “Belíssima” da Rede Globo está apresentando lindas cenas em locação de Thíra (ou Fhirá), também conhecida como Vila Caiada, capital da ilha grega de Santorini, que conta com apenas 1550 habitantes. Comecei a assistir aos primeiros capítulos do referido folhetim, justamente pela curiosidade de ver sob que ângulos o lugar seria mostrado e, aos poucos – o que era previsível – fui me escravizando ao talento da interpretação de todo o elenco, sobretudo da maravilhosa Fernanda Montenegro, impressionante e inigualável no papel de uma elegante e abominável megera.
Mas apesar dessas lindas cenas da ilha grega, nada foi passado ao telespectador sobre a importância geológica e histórica de Santorini. Sem dúvida, o que mais interessa à novela é a trama ao redor das personagens ligadas aos atores Tony Ramos e Cláudia Abreu, mas é uma pena que os autores não tenham posto na boca de qualquer um deles, alguma referência ao vulcão... pois as vilas brancas de Santorini foram construídas na borda da cratera de um vulcão ativo.

A lenda de Atlântida e o vulcão

A lenda de Atlântida nasceu da explosão do vulcão de Santorini no ano de 1450 a.C. Como consequência, ocorreram terremotos e tsunamis que devastaram a florescente civilização minóica, cuja capital era Knossos (Cnossos), na ilha de Creta. Ilhas submergiram e outras nasceram no tremendo cataclismo, e milhares de pessoas morreram, mudando completamente o curso da História. Daí, a lenda de Atlântida.
Três milênios e meio após aquela espécie de “fim do mundo”, Santorini mantém-se como um vulcão ativo, cuja cratera, agora tomada pelo mar, tem o diâmetro de cerca de 30 quilômetros. A cratera gigantesca é, obviamente, circular, mas com dois pontos rompidos pela erosão, o que possibilitou a entrada das águas do Mar Egeu. Bem ao centro está o cone vulcânico ativo, com duas bocas principais. Esse cone vem crescendo nas últimas décadas, o que dá a certeza de que, mais cedo ou mais tarde, o vulcão novamente explodirá.

Mapa de Santorini. A ilha central, denominada
Néa Kaméni, é a caldeira do vulcão.

Tremores de terra são frequentes em Santorini. O último grande terremoto, que devastou a vila, ocorreu em 1956, provocando muitas mortes. Thíra foi reconstruída em terraços nos penhascos que são a parte interna da cratera, que descem íngremes até ao pequeno porto, 270 metros abaixo.
O turista que chega em navio, pode subir a Thíra por um rápido funicular, ou em lombo de mulas através de uma larga escada com 580 amplos degraus que dão ao caminho um aspecto mais de estrada do que de escada propriamente dita. Eu subi em funicular e desci a pé, cuidando para não pisar no estrume de burros e mulas.

Santorini hoje

Os edifícios caiados de Thíra formam uma das paisagens mais deslumbrantes do mundo. Navios de cruzeiro ancoram bem no meio da cratera, entre o cone vulcânico e os penhascos que levam à vila, despejando milhares de turistas que passam o dia encantando-se com a topografia do lugar. Muitos deles nem sabem que estão na cratera de um vulcão ativo. A bem da verdade, os próprios moradores parecem não se importar muito de viver num lugar tão potencialmente perigoso.
Há magníficas igrejas em Santorini, um rico museu arqueológico e as preciosas ruínas de Thíra Antiga ou Akrotíri. Mas é o conjunto arquitetônico, todo pintado de branco, que dá à ilha um aspecto onírico de estonteante beleza.
Um fato curioso é o de que as portas de entrada em quase todas as casas (residências, hotéis, restaurantes) aparecem isoladas nos muros. Passando pela porta, dá-se no teto da construção... e dali uma escada descendente leva ao interior do imóvel. Isso porque tais construções estão na encosta quase vertical da cratera.

Francisco Souto Neto numa varanda de Santorini. Ao fundo, vêem-se
as casas construídas nas encostas internas da cratera do vulcão.

Francisco Souto Neto na porta de uma casa de
Santorini. A casa não aparece, porque a entrada é pelo
teto da residência, construída na encosta da cratera do vulcão.

Ao centro da foto, a aparente "ilha" é a caldeira do vulcão
que está aflorando, e já conta com duas bocas ativas.

Esses detalhes de vital importância para que se entenda Santorini, foram omitidos pela novela “Belíssima”. Todos aqueles que assistem ao folhetim, e que nada sabiam sobre as Ilhas Cíclades, vão pensar que elas são apenas “umas belas ilhas”, nada mais. Afinal – quem sabe? – é só isso mesmo o que importa aos autores da novela, interessados em criar uma história que, como sempre, envolva um crime a ser desvendado no último capítulo, para tornar a trama mais “interessante”, já que, para eles, ao brasileiro parece pouco interessar detalhes culturais. Ou, não é de duvidar, quem sabe se esses autores pouco ou nada conhecem da história geológica de Santorini. De qualquer modo, que bela oportunidade perdeu o espectador da Globo de aprender uma fascinante lição de História e cultura. Que pena!

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terça-feira, 27 de setembro de 2011

Francisco Souto Neto: O NOVO CENTRO CÍVICO


Jornal do Centro Cívico – Ano 3 – Dezembro 2005 – Nº 30
Diretor-presidente: José Gil de Almeida

Página 5:


Capa:




O NOVO CENTRO CÍVICO
Francisco Souto Neto


Concebido na década de 50 para reunir a Administração Pública do Estado do Paraná, o Centro Cívico vinha, sob este aspecto, sofrendo um desmantelamento que se tornou gritante durante o Governo Jaime Lerner, com a transferência de Secretarias de Estado para distantes bairros como Santa Cândida, ao mesmo tempo em que se agravava o aspecto de abandono dos edifícios e áreas públicas. O esqueleto do prédio que deveria abrigar o Fórum, assombrou a área durante os oito longos anos daquela referida gestão, a mesma que pôs fim ao Banco do Estado do Paraná, porque alguns dos seus diretores, homens da confiança do então governador Lerner, geraram o maior escândalo de corrupção de que se tem notícia na História deste Estado federado.
O governador Requião, assumindo o atual governo, cumpriu a promessa de campanha de retirar as grades que circundavam o Palácio Iguaçu e deu início à renovação do Centro Cívico, primeiro construindo um anexo ao Palácio da Justiça, com uns vinte andares, e começou a recuperação do edifício do Fórum, mandando demolir os últimos cinco andares que, pelo peso, ameaçavam ruir todo o prédio, por erro dos cálculos estruturais. Segundo informações, no começo do próximo ano esse prédio será concluído, e postas em prática as construções de três novos edifícios ao lado do Bosque do Papa, que abrigarão Secretarias de Estado.
Agora será inaugurado o memorial ao governador Bento Munhoz da Rocha, bem em frente ao Palácio Iguaçu. A julgar pelo andamento das obras, não será de estranhar que tal monumento já estará inaugurado antes mesmo da circulação deste jornal.
Assim, o Centro Cívico começa a ter resgatado o seu propósito inicial de reunir a administração pública. É verdade que alguns bens originais se perderam para sempre como, por exemplo, os lindos jardins que foram projetados por Burle Marx. Em todo caso, é de se esperar que o novo Centro Cívico valorize os seus jardins remanescentes, que não têm recebido a atenção que deveriam merecer dos seus beneficiários, os próprios cidadãos, e também por parte dos responsáveis pelos eventos públicos que ocorrem nas áreas em frente ao Palácio Iguaçu.
Em ocasiões como as festividades do Carnaval, e outras em que barracas são armadas sobre a grama, os jardins de flores deveriam ser protegidos por faixas à guisa de cercas. E nesses canteiros poderiam ser colocadas placas permanentes (bem acabadas, baixas e pequenas, para não inferir no paisagismo) dizendo: “É proibido arrancar flores”, de modo a inibir alguns que não entendem que aquela flora é patrimônio público, e arrancam as mudas, levando-as para casa. Assim, o atual e belo jardim de rosas poderia crescer de fato e, ao lado dos canteiros de flores sazonais, causaria admiração não somente aos turistas, como também aos próprios curitibanos, tal como acontece em cidades europeias.
Oxalá os responsáveis pelo novo Centro Cívico lembrem-se também de colocar cestas de lixo em abundância. E para que todo o setor tenha vida de fato, que não deixe de instalar quiosques que possam abrigar permanentemente bancas de jornais e revistas, e finos cafés, que nunca existiram por ali e cuja presença seria por todos muito bem-vinda.

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OBSERVAÇÃO acrescentada em 23 de setembro de 2011:

A esperada renovação do Centro Cívico concretizou-se apenas parcialmente. Por exemplo, os três prédios que seriam destinados a Secretarias de Estado, assinalados em vermelho na maquete abaixo...

O "novo Centro Cívico" do projeto de Requião,
que não foi totalmente concluído.

...nunca se tornaram realidade, bem como outros projetos para a área. Infelizmente, no “esquecimento” de projetos, planos e promessas, os governos se igualam. Entre governadores, antecessor e sucessor, pouca ou nenhuma diferença há.

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segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Francisco Souto Neto: AO ENCONTRO DE UMA ROMA OBSCURA E MISTERIOSA


Jornal Água Verde – Ano 14 – Novembro 2005 – Nº 291
Diretor-presidente: José Gil de Almeida

Página 11:

(FALTA LOCALIZAR) 

Capa:




AO ENCONTRO DE UMA ROMA OBSCURA E MISTERIOSA
Francisco Souto Neto


OBSERVAÇÃO:
            ENCONTREI EM MEUS ARQUIVOS APENAS A PRIMEIRA PÁGINA DO JORNAL. FALTA O SEU MIOLO, COM A CRÔNICA ACIMA MENCIONADA.

            FICA ESTE ESPAÇO ABERTO, ATÉ QUE O TEXTO SEJA LOCALIZADO.

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domingo, 25 de setembro de 2011

Francisco Souto Neto: CÃES E "PARCÃO": CURITIBA NA CONTRAMÃO?


Jornal do Centro Cívico – Ano 3 – Outubro 2005 – Nº 29
Diretor-presidente: José Gil de Almeida

Página 5:


Capa:




CÃES E “PARCÃO”: CURITIBA NA CONTRAMÃO?
Francisco Souto Neto


Quanto maior o índice de civilidade entre os cidadãos de uma comunidade ou dum país, tanto mais elevado o respeito pelos animais. Aprendi isto ao observar o trato que os melhores países da Europa costumam dar a seus cães. Lá, animais domésticos podem acompanhar seus donos no transporte público (metrô, ônibus e bonde), em hotéis, e muitas vezes até em restaurantes. Nas praças, é muito comum que pequenos espaços sejam reservados às necessidades fisiológicas dos bichos. E não é só: nos países mais evoluídos, cães de pequeno e médio porte têm sido treinados para levar conforto a pessoas internadas em hospitais que, em contato com a doçura dos animais, apresentam uma convalescença mais rápida. Em visita aos asilos, também influem favoravelmente no estado de espírito dos idosos. E não é só isso: até mesmo adolescentes problemáticos mudam o comportamento para melhor quando um animal de estimação ingressa do seu cotidiano.
Em nações como Suíça e Áustria, bem como na Escandinávia, os proprietários costumam coletar os dejetos dos seus bichos, atirando-os ao lixo mais próximo. Entretanto o que mais salta aos olhos é o respeito que as pessoas devotam aos animais. Passei a observar que também no Brasil muitos proprietários tratam seus bichos com idêntica devoção. A bem da verdade, pessoas que gostam de animais costumam ser, sob vários aspectos (como de boa educação, cultura e humanismo), melhores do que as outras que não gostam. Aqueles que batem num cão podem ser os mesmos que espancam o próprio filho; mas aqueles que tratam os animais com respeito, costumam ser melhores pais. Não sou eu quem o afirma, mas pesquisas sérias que têm apontado nessa direção.

São Paulo contra a vivissecção de cães

Recentemente, em 3 de julho de 2005, cerca de 600 manifestantes desfilaram na Avenida Paulista, em São Paulo, com cartazes e fotos de cães dilacerados. Segundo a Folha de São Paulo de 4 de julho, “Crianças e adolescentes de jalecos manchados de vermelho-sangue, casais mascarados e idosos marchavam com faixas e placas em protesto contra a vivissecção no ensino” – isto é, contra a abertura dos animais vivos, principalmente cães, usados para fins didáticos. Há comprovação de que, muitas vezes, cães são “operados” e sacrificados sem anestesia, causando-lhes dor e tortura. Os manifestantes da Avenida Paulista propunham que sejam usados animais mortos, quimicamente preservados, no lugar dos bichos vivos. Pois não é o que fazem, com sucesso, os estudantes de Medicina, que nas suas dissecações usam cadáveres preservados em formol, e não pessoas vivas?
No dia 6 do mesmo mês, em Pamplona, na Espanha, houve uma manifestação gigante com pessoas de várias nacionalidades, contra a corrida de touros (e consequente sacrifício dos animais), tradicional naquela cidade, que começaria no dia seguinte.
Portanto, o que se vê em todo o mundo é isto: pessoas com alto grau de civilidade, senso de ecologia e respeito às outras espécies, reunindo-se para protestar contra maus-tratos a animais.
Em Curitiba, com tristeza, vimos ocorrer o fenômeno às avessas.

Curitiba na contramão do humanismo

Enquanto, como acabamos de ver, pessoas civilizadas de todo o mundo levantam-se em defesa dos animais, presenciamos em Curitiba um melancólico episódio que critica aqueles que cuidam bem dos seus cães (sic), tal como vimos publicado na edição anterior deste jornal.
Para quem não leu, recapitulo: um grupo de estudantes e profissionais liberais organizou manifestação no gramado da fachada posterior do MON (Museu Oscar Niemeyer), um local conhecido como “parcão”, porque é o parque onde, há alguns anos, as pessoas levam os seus cães a passear, principalmente nos fins de semana. Portando faixas que diziam: “Você já alimentou seu cão hoje? Milhões de crianças morrem de fome”, distribuíram folhetos, aparentemente (pois não os vi, nem li) protestando contra a aparência bem cuidada dos animais que, por certo, contrastem com as crianças famintas deste país.
A meu ver, cães bem tratados e alimentados sugerem donos civilizados, muitos dos quais, como eu mesmo faço em relação ao meu chihuahua que se chama – e vai aí o nome completo – Paco Ramirez de San Martin, coletam as fezes que seus animais fazem sobre a calçada ou na própria grama, para atirá-la ao lixo mais próximo.

Causas mais nobres

Em vez de perder tempo em manifestações fúteis, por que essas pessoas não se dedicam a causas mais nobres, como por exemplo, a um massivo protesto contra a crescente violência urbana, ou contra a corrupção, ou a favor da conscientização dos motoristas que ignoram os sinais vermelhos dos semáforos e não observam as placas de contramão? Por que não promovem uma grande campanha para ajudar a fortalecer o débil “Fome Zero”? Por que não gastam seu tempo ocioso auxiliando ONGs de assistência à infância faminta, em vez de reclamar contra aquilo que está bem feito, isto é, contra os cães bem tratados? É bom lembrar que aquele que gasta com seus cães não é o mesmo que tira a comida da boca duma criança, nem é aquele que produz a fome, esta sim, consequência do absurdo desnível salarial entre as classes sociais. Já pensaram numa das formas mais repugnantes da imoralidade e que merece protestos, que é a das famílias que põem seus idosos em asilos e os esquecem? Se quiserem outra boa causa, é bom lembrar de que no dia 23 de outubro próximo será dado o primeiro passo rumo ao desarmamento em nosso país, através do referendo – o primeiro deste gênero a realizar-se em todo o mundo – que perguntará aos eleitores brasileiros: “Você concorda com a proibição da comercialização de armas e munição em todo território nacional?”. Se, às vésperas do referendo, saírem em passeata para sensibilizar a sociedade curitibana nesta conscientização, aderirei ao movimento com todo prazer, para ajudá-los a carregar faixas que digam “SIM”!
No "Parcão" (Museu Oscar Niemeyer), em Curitiba, Ivone Souto da Rosa com o
chihuahua Paco Ramirez. Ao fundo, Rubens Gonçalves observa o Tibério Bouledogue.

Se Curitiba quer se autoproclamar “de primeiro mundo”, a estrada a percorrer é ainda de terra e muito esburacada. Por que não se começar pelo respeito aos cães e seus proprietários? A Prefeitura bem poderia dar o primeiro passo, instalando um bebedouro para cães no “Parcão”, mais cestas de lixo em todo o Centro Cívico e, bem ao fundo das árvores, uma área reservada para os dejetos dos animais. Se isto existe e funciona muito bem nos bons países, por quê não se tentar neste nosso pobre e miserável “terceiro mundo”?
Encerro com uma frase de Leonardo da Vinci, estampada numa camiseta que ganhei da revista “Animais & Cia.”, que uso com orgulho e sintetiza o seu significado: “Chegará o dia em que o homem conhecerá o íntimo dos animais. Nesse dia, um crime contra um animal será considerado um crime contra a própria Humanidade”.
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sábado, 24 de setembro de 2011

Francisco Souto Neto: PARQUE TÍVOLI EM COPENHAGUE, DINAMARCA


Jornal Água Verde – Ano 14 – Setembro 2005 – Nº 289
Diretor-presidente: José Gil de Almeida

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PARQUE TÍVOLI EM COPENHAGUE, DINAMARCA
Francisco Souto Neto


A Dinamarca é um dos reinos mais encantadores do mundo. Sua área, que inclui nada menos do que 450 ilhas, além da península denominada Jutland, tem 43.095 quilômetros quadrados, quase cinco vezes menor do que o Paraná, e com população também inferior ao nosso Estado federativo. No entanto, é um dos países mais ricos e desenvolvidos do mundo, com renda per capita altíssima, e com uma ordem social e cultural de dar inveja. É um dos países nórdicos que compõem a Escandinávia.
Quando pela primeira vez estive na sua capital Copenhague, no final da década de 70, fiquei surpreso com a elegância das mulheres, pois naquela época todas as senhoras – portanto, as mulheres casadas – não saíam, a qualquer hora do dia ou da noite, sem chapéu e, quase sempre, luvas. Não se viam dois chapéus iguais, de modo que as cabeças femininas eram coroadas por cores alegres, nas mais diversas formas. E ainda que assim, tão chiques, era comuníssimo vê-las pedalando suas bicicletas, às centenas, pelas ruas da cidade.

A pornografia

Naquela época em que vivíamos no Brasil sob a ditadura militar que restringia as liberdades individuais, eu, ainda muito jovem, sentia grande curiosidade pelos países permissivos. Na Dinamarca, lembro-me da minha surpresa ao ver, nas ruas centrais, as lojas de pornografia que se sucediam, quase lado a lado, mostrando objetos “escandalosos” nas suas vitrines voltadas para a rua, coisa que ainda não acontece neste Brasil de 2005.
Fotografei, e também com minha câmera de cinema Super-8 filmei pessoas que passavam por aquelas calçadas com a maior naturalidade, sem evitá-las ou desviá-las. Por exemplo, viam-se mães empurrando carrinhos de bebês, freiras trajando seus hábitos, senhoras idosas apoiadas em bengalas, pais puxando crianças com uma das mãos que, tomando sorvete, olhavam para dentro das vitrines quase sem interesse e sem parar.
Aquela foi, sem dúvida, a minha primeira lição de que a imoralidade e o preconceito não estão, necessariamente, naquilo que se mostra e que se vê, e que talvez as pessoas pequem mais pelo que escondem do que pelo que exibem. No entanto, em Copenhague não havia nada que atraísse mais, a jovens, adultos ou idosos, do que o Parque Tívoli.

Souto Neto observa que pais com crianças pequenas não
evitam passar pelas calçadas com lojas de vitrines ponográficas.


Em Copenhague, mães com filhos, e crianças empurrando
carrinhos de bebês, passam com naturalidade pelas
ruas com vitrines que exibem objetos pornográficos.

Nas duas outras vezes em que estive naquela capital, notei que algumas coisas mudaram. Por exemplo, agora poucas senhoras usavam chapéu. Mas lojas de pornografia continuam lá, na mesma quantidade de antes, causando aparentemente a mesma apatia aos transeuntes. Porém o que não mudou absolutamente em nada, foi o Parque Tívoli e o interesse que continua a provocar nos nativos e visitantes...

O Parque Tívoli

O mais importante ponto turístico de Copenhague, o Parque Tívoli, foi fundado em 1834. Já são 171 anos de encanto, magia, beleza e alegria. Trata-se de um centro de lazer que conta com diversos teatros, parque de diversões, lanchonetes, restaurantes. Realizam-se concertos e espetáculos de dança e de balê. Logo após a principal porta de entrada, há à esquerda um teatro ao ar livre onde, diariamente, pierrô encontra colombina.
O encanto que o Tívoli produz em nossas almas é indescritível, e reforçado pela exuberância dos seus jardins floridos e cheios de cor, que se estendem entre pavilhões mouriscos e pagodes chineses.
Ao ar livre, apresentam-se espetáculos de circo, pequenas peças da Commedia dell’Arte e, inúmeras vezes, assistem-se a apresentações de bandas de jazz.
Duas vezes por semana há poderosa queima de fogos nos céus do parque. À meia-noite os enormes e engenhosos artefatos sobem no ar como num passe de mágica e, durante 15 minutos, iluminam todo o centro de Copenhague.


Francisco Souto Neto nos jardins do Parque Tívoli.

Rubens Faria Gonçalves no Parque Tívoli. Ao fundo,
idosos que passam horas conversando, entre flores.

Souto Neto nos canteiros do Parque Tívoli.

Rubens Gonçalves no Jardim das Rosas do Parque Tívoli.

Souto Neto no Parque Tívoli de Copenhague.

Em 1993, meu amigo Rubens Faria Gonçalves acompanhou-me a Copenhague e durante três dos seis dias que ali passamos, entrávamos no Tívoli na hora do almoço e só deixávamos o parque à noite. O lugar é de tal modo magnetizante que basta dizer que por volta do ano de 1930 o jovem Walt Disney esteve ali e, tão encantado ficou, que se sentiu inspirado a criar, nos Estados Unidos, um parque que fosse ao menos um pouco parecido com o Tívoli... e foi assim que nasceu a Disneylândia na Califórnia, um parque que se multiplicaria depois pela Flórida, França, Japão...

Outras atrações

Obviamente, Copenhague não é somente o Parque Tívoli, pois há muito, muito mais. Arquitetonicamente não é tão interessante quanto outras capitais europeias, porém isso não arrefece o brilho da sua notável riqueza histórica e cultural. Contudo, há maravilhosos castelos, não só na cidade, como nos arredores. O Castelo de Helsingor, por exemplo, serviu de inspiração para a tragédia Hamlet, de Shakespeare.

Francisco Souto Neto em frente à Sereiazinha de Copenhague.

Rubens Faria Gonçalves em Copenhague, em
frente a uma loja de pães e queijos.
Os dois mais importantes monumentos da cidade são as estátuas de bronze de Hans Christian Andersen, um dos mais famosos autores de contos infantis, e da Sereiazinha – aliás, personagem de uma das histórias do referido autor – que é o símbolo de Copenhague e se encontra sobre uma pedra, não tanto às margens, mas dentro do próprio canal.
A mais famosa frase da tragédia Hamlet, “há algo de podre no reino da Dinamarca”, sem dúvida corresponde apenas à imaginária situação enfrentada pelo príncipe no castelo do seu pai, assassinado pelo amante da mãe... Na realidade, o que há no reino da Dinamarca é algo de extrema beleza, de gente educada, rica e bem nutrida, de ausência de violência e mendicância, e... da magia emanada pelo Parque Tívoli.

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