Jornal do Centro Cívico – Ano 3 – Dezembro 2005 – Nº 30
Diretor-presidente: José Gil de Almeida
Página 5:
Capa:
O NOVO CENTRO CÍVICO
Francisco Souto Neto
Concebido na década de 50 para reunir a Administração Pública do Estado do Paraná, o Centro Cívico vinha, sob este aspecto, sofrendo um desmantelamento que se tornou gritante durante o Governo Jaime Lerner, com a transferência de Secretarias de Estado para distantes bairros como Santa Cândida, ao mesmo tempo em que se agravava o aspecto de abandono dos edifícios e áreas públicas. O esqueleto do prédio que deveria abrigar o Fórum, assombrou a área durante os oito longos anos daquela referida gestão, a mesma que pôs fim ao Banco do Estado do Paraná, porque alguns dos seus diretores, homens da confiança do então governador Lerner, geraram o maior escândalo de corrupção de que se tem notícia na História deste Estado federado.
O governador Requião, assumindo o atual governo, cumpriu a promessa de campanha de retirar as grades que circundavam o Palácio Iguaçu e deu início à renovação do Centro Cívico, primeiro construindo um anexo ao Palácio da Justiça, com uns vinte andares, e começou a recuperação do edifício do Fórum, mandando demolir os últimos cinco andares que, pelo peso, ameaçavam ruir todo o prédio, por erro dos cálculos estruturais. Segundo informações, no começo do próximo ano esse prédio será concluído, e postas em prática as construções de três novos edifícios ao lado do Bosque do Papa, que abrigarão Secretarias de Estado.
Agora será inaugurado o memorial ao governador Bento Munhoz da Rocha, bem em frente ao Palácio Iguaçu. A julgar pelo andamento das obras, não será de estranhar que tal monumento já estará inaugurado antes mesmo da circulação deste jornal.
Assim, o Centro Cívico começa a ter resgatado o seu propósito inicial de reunir a administração pública. É verdade que alguns bens originais se perderam para sempre como, por exemplo, os lindos jardins que foram projetados por Burle Marx. Em todo caso, é de se esperar que o novo Centro Cívico valorize os seus jardins remanescentes, que não têm recebido a atenção que deveriam merecer dos seus beneficiários, os próprios cidadãos, e também por parte dos responsáveis pelos eventos públicos que ocorrem nas áreas em frente ao Palácio Iguaçu.
Em ocasiões como as festividades do Carnaval, e outras em que barracas são armadas sobre a grama, os jardins de flores deveriam ser protegidos por faixas à guisa de cercas. E nesses canteiros poderiam ser colocadas placas permanentes (bem acabadas, baixas e pequenas, para não inferir no paisagismo) dizendo: “É proibido arrancar flores”, de modo a inibir alguns que não entendem que aquela flora é patrimônio público, e arrancam as mudas, levando-as para casa. Assim, o atual e belo jardim de rosas poderia crescer de fato e, ao lado dos canteiros de flores sazonais, causaria admiração não somente aos turistas, como também aos próprios curitibanos, tal como acontece em cidades europeias.
Oxalá os responsáveis pelo novo Centro Cívico lembrem-se também de colocar cestas de lixo em abundância. E para que todo o setor tenha vida de fato, que não deixe de instalar quiosques que possam abrigar permanentemente bancas de jornais e revistas, e finos cafés, que nunca existiram por ali e cuja presença seria por todos muito bem-vinda.
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OBSERVAÇÃO acrescentada em 23 de setembro de 2011:
A esperada renovação do Centro Cívico concretizou-se apenas parcialmente. Por exemplo, os três prédios que seriam destinados a Secretarias de Estado, assinalados em vermelho na maquete abaixo...
O "novo Centro Cívico" do projeto de Requião,
que não foi totalmente concluído.
...nunca se tornaram realidade, bem como outros projetos para a área. Infelizmente, no “esquecimento” de projetos, planos e promessas, os governos se igualam. Entre governadores, antecessor e sucessor, pouca ou nenhuma diferença há.
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